Pacientes portadores do vírus HIV que suspendem o uso dos
antiretrovirais podem provocar uma aceleração do curso natural da
doença. Mesmo a interrupção temporária do tratamento não é indicada por
médicos, que afirmam que o vírus pode se tornar resistente aos remédios
quando o uso não é feito da forma indicada.
O ator Charlie Sheen, que recentemente revelou ser portador do vírus, disse em entrevista que suspendeu a medicação temporariamente e buscou um tratamento alternativo no México.
"Vai haver efeito a curto, médio, ou longo prazo, com retorno da
replicação viral", diz Marcos Tadeu Nolasco da Silva, professor da
faculdade de ciência médica da Unicamp e responsável pela área de
Crianças e Adolescentes Infectados por HIV da instituição.
O
efeito direto da interrupção do tratamento é a multiplicação do vírus
HIV, que ataca as células de defesa do organismo. Assim, a suspensão
pode levar ao enfraquecimento do sistema imunológico do paciente."[Com a
interrupção], ocorre a perda de controle do vírus, a piora da defesa do
corpo, o indivíduo desenvolve aids e pode morrer", afirma Esper Kallas,
médico infectologista e imunologista da FMUSP (Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo).
Para Kallas, o uso da medicação
deve continuar para evitar que o vírus volte a se multiplicar pelo
organismo. O argumento principal é de que a suspensão do tratamento
traria o risco de tornar mais fácil o contágio. Segundo ele, o vírus
pode voltar a ser detectado no organismo de 10 a 14 dias após a
suspensão do uso de medicamentos.
"O uso dos medicamentos faz
com que caia enormemente a transmissão para terceiros. Não é só um
benefício individual, é benefício para a saúde pública como um todo",
diz.
Aids é diferente de ter HIV
O médico explica que
ser portador do vírus HIV não é o mesmo que ter aids. "A pessoa pode ter
o vírus detectável, mas não ter desenvolvido sintomas. Já a aids é a
presença das doenças oportunistas ou a queda da defesa em nível
crítico", diz.
Paralisações temporárias, como a que
Charlie Sheen diz ter adotado, e o uso indisciplinado dos medicamentos
também recebem críticas dos especialistas, que afirmam que a prática
pode promover uma seleção dos vírus mais resistentes.
"Essa
seleção de variantes resistentes ocorre principalmente quando não se
utiliza de forma disciplinada os remédios", diz Nolasco. "A grande
batalha [de médicos que tratam pacientes com HIV] é ajudar o paciente a
ter adesão ao tratamento", diz ele.
Segundo os médicos, quem faz
tratamento correto leva uma vida normal e de boa qualidade, podendo ter
expectativa de vida semelhante a da média da população.
"Lamento a declaração de Charlie Sheen, pois esse recado pode repercutir
para jovens que estejam em vulnerabilidade e influenciar suas
decisões", completa o professor da Unicamp.
Os médicos também
afirmam que tratamentos alternativos, mencionados por Charlie Sheen, não
tem credibilidade científica e não são testados em estudos clínicos
rigorosos, como ocorre com antirretrovirais. "Infelizmente, esses
métodos acabam ganhando destaque pegando carona em declarações de
celebridades", completa Nolasco.
Suspensão já foi estudada
A suspensão do uso de medicamentos já foi testada em diversos estudos
para avaliar o quanto o organismo poderia dar conta do vírus sem o
auxílio de remédios. O uso disciplinado dos antirretrovirais por
portadores de HIV reduz a carga viral e possibilita manter o nível de
células CD4 - responsável pela defesa do organismo que é atacada pelo
HIV - em número elevado.
Contudo, segundo os médicos, a
orientação que hoje prevalece é a de não suspender o tratamento mesmo
quando há acompanhamento médico e a carga viral do paciente é
indetectável.
fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/01/13/suspender-tratamento-de-hiv-pode-agravar-doenca-dizem-medicos.htm
Portanto, não interrompa seu tratamento.
Converse sempre com seu médico.
Abraços.
...Breno...
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