domingo, 9 de outubro de 2016

Ha um ano...



Lembro-me como se fosse hoje, começou como um dia normal como todos os outros... 

06/09/2015, logo de manhã como sempre Edna e eu trocamos algumas mensagens, ela estava se arrumando para ir ao trabalho e eu logo iria ao posto de saúde porque um dia antes me ligaram e disseram que um exame meu tinha dado uma alteração, não entraram em detalhes mas tudo bem...

Eu não imaginava que eu receberia uma notícia dessa, imaginava que isso acontecia sempre com os outros e nunca comigo. 

Foi muito difícil não vou negar, não sabia o que fazer, Edna e meu filho não saiam de minha mente um segundo se quer. Tive muito medo que Edna tivesse pego também porque seus pais são pessoas maravilhosas e sempre desejo o bem para eles. Meu filho na época tinha 13 anos onde nem imagina o que tinha acontecido(ainda não sabe rs... mas em breve ele saberá), fiquei muito chocado, pensei que não fosse vê-lo crescer, se formar, ter filhos etc... lembro-me que naqueles dias eles estava estudando DTS nas aulas de Ciências, então sei que ele conhece um pouco e certamente tem medo também rs...

Um ano se passou e estamos aqui vivendo o dia a dia, trabalhando e estudando. Edna e eu aprendemos muito, passamos por muitas coisas, ela sempre acompanha meus exames. Ela sempre me fala que entre nós existe apenas um “detalhe” que na maioria das vezes ele é esquecido, porque eu continuo sendo o mesmo.

Apenas com uma pequena responsabilidade a mais... 

Dias atrás Edna me disse claramente mais de uma vez que está gostando mais de mim depois da minha sorologia positiva do que antes. Deixo bem claro que isso não é nenhum incentivo para ninguém sair por aí se contaminando com o HIV, isso vem ao fato do carinho que temos um pelo outro e o cuidado que sempre tomamos em nossas relações, ou seja preservativo 100%.

Dias atrás saiu uma notícia muito importante ao avanço da cura do HIV, cientistas britânicos estão perto da cura.
É uma ótima notícia esse tratamento e ainda está em fase de testes, mas torcemos muito para que realmente seja efetivo. E que dessa vez a cura venha!!! 

Dia após dia tomo os medicamentos regularmente, levo uma vida normal como qualquer pessoa, tenho tudo para ter uma normal, não morremos mais de aids.

Infelizmente muitas pessoas com HIV ainda morrem por conta de complicações decorrentes da aids, porém, a maioria delas são aquelas que não tem acesso ao tratamento antirretroviral, infelizmente, como ainda é o caso de muitas regiões na África, por exemplo, ou aquelas que foram diagnosticados tarde, já no hospital, com alguma doença oportunista relacionada à aids. 

Para finalizar esse post deixo um enorme abraço a todos que em acompanham desde o início dessa “nova vida” em especial a Edna que não saiu de perto de mim rs, ela sempre está comigo. Nós se gostamos muitos e estamos “mais fortes que antes”, devo muito a ela...

Agradeço muito a todos do CTA de minha cidade que são pessoa muito atenciosas e competentes, admiro muito o trabalho deles e aos novos amigos que conheci lá. 

Aprendi a me cuidar mais mesmo com a correia do dia a dia, só temos uma vida e temos que cuidar muito bem dela...

Ter um bom dia sempre vai depender muito de você! Cada dia é único, não se perca na rotina, não viva seus dias como se fosse o último mas, faça cada dia um dia especial para viver!!! 

Uma ótima semana a todos

...Breno...


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Um ano após a revelação... Relação sorodiscordante

Olá gente bonita!

Hoje é um dia diferente, talvez eu devesse estar triste, mas sinceramente não estou não...

Há exatamente um ano atrás o Breno teve seu diagnóstico: Reagente para HIV.

Foi muito difícil, sinceramente um dos dias mais difíceis da minha vida, não sabia nem o que fazer, estava perdida, mas agora estou me encontrando.

Durante esse ano eu e o Breno passamos por muitos momentos de medo, tristeza, decepção, mas na verdade o que vem mais nítido na cabeça são os momentos bons que passamos juntos e esses se ressaltam aos ruins.

E sabem porque eu disse que não estou triste?
Pelo fato de que apesar de ter sido algo negativo, fez pensar e refletir sobre a vida, o sentido da vida, que posso dizer que para minha pessoa é: exigir menos perfeição, aceitar os erros e defeitos, pois não existe ninguém perfeito nesse mundo, mas sim alguém que te trate com respeito e carinho e nisso o Breno é referência rs. Enfim é amar mais, reclamar menos, dar valor as coisas simples da vida, aquela caminhada no parque no domingo, abraçar a pessoa e poder sentir o cheiro, tomar um banho juntos, dividir a comida e simplesmente estar junto, presente para o que der e vier.

E o Breno quase me mata de tanto orgulho! Trabalha, estuda, cuida do filho, do cachorro, tem amigos, conversa, toma os remédios direitinho, usamos camisinha sempre e vive uma vida extremamente normal, como a de qualquer outra pessoa, soropositiva ou não.

Por isso, você que recebeu seu diagnóstico e está perdido: não é o fim do mundo, muito pelo contrário, o mundo está apenas começando, dê valor as coisas simples e não desista!

Beijos e abraços,

Edna


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Histórias Positivas da Enfermeira K.

Estamos meio "sumidos" do blog devido a faculdade e trabalho, que anda bem puxado para ambos, mas, faz bem viver, trabalhando, estudando e também encontrando um tempo para nós e para nossos queridos amigos.

Dias atrás, conversando sobre HIV com a minha amiga técnica em enfermagem K. ela me disse que o tempo em que trabalhou com os soropositivos foi o que mais gostou e que sente vontade de reencontrar alguns dos quais cuidou. Nessa conversa ela me contou algumas histórias e duas delas escolhi para relatar aqui:

"Estava no hospital dando plantão a noite e fui até o leito de um rapaz para fazer a medicação, ele tinha acabado de receber o diagnóstico, chorava muito e dizia que queria morrer. Comecei a conversar com ele e ele me dizia que não queria contar para a esposa, pois ela não o perdoaria e que achava que provavelmente ele havia pego o vírus antes dela. Expliquei que não há como saber quem pegou primeiro e que se ele realmente se importava com a esposa a amava ela, ele deveria contar, para que ela pudesse ter o tratamento e não descobrir o vírus quando fosse tarde demais. Porém nada do que eu dizia acalmava ele. Então vi no leito da frente um outro rapaz, também soropositivo, que já estava para receber alta, então tive uma idéia: falei para o paciente que aquele rapaz era soropositivo e que estava lutando pela vida dele, que não estava escrito Hiv na testa dele, que era uma pessoa normal e igual a todo mundo. Nisso o paciente foi ficando curioso e foi tentando olhar o outro rapaz, a fim de analisar se era realmente uma pessoa comum e quando viu concordou comigo que realmente olhando para ele não dava para saber do vírus e diante disso foi se acalmando aos poucos. Nos outros plantões sempre ia vê-lo, assim, o paciente me disse que contou para a esposa o motivo de sua internação e ela o acolheu e continuou com ele."

"Estava eu no Ambulatório de Moléstias Infecciosas aqui da nossa cidade para tratar da tuberculose que adquiri, quando encontrei um paciente soropositivo que cuidei no hospital, ao me ver ele ficou espantado, comecei a conversar com ele e logo descobri o motivo do espanto:
-K. eu não sabia que soropositivo pode trabalhar no hospital!
Expliquei a ele que na verdade estava ali para tratar da tuberculose, mas que sim, o soropositivo pode trabalhar no hospital e em qualquer outro lugar, contanto que faça o tratamento e se cuide, pois o vírus não tira a capacidade de ninguém. Depois fiquei pensando, tamanho o preconceito que a sociedade tem que o paciente chegou a acreditar que se você é soropositivo não pode viver na sociedade comum, mas pode sim!"


Digo a vocês que o Hiv não é o fim do mundo, que há vida e que se pode tudo igual qualquer outro ser humano, não se sintam diminuídos pois vocês são especiais e capazes como qualquer um!

Beijos e abraços,
Edna

Resultado de imagem
(Essa se parece com a K. rs)