quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

De Volta Para o Futuro



Ao som do grandioso álbum do Pink Floyd “The Wall” escrevo esse texto.
Desse título se que muitos assim como eu adoram essa trilogia do filme De Volta Para o Futuro. Quem nunca sonhou em poder voltar ao passado ou até mesmo em viajar no futuro como fez Marty McFly interpretado pelo ator Michael J. Fox e o cientista “maluco” Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd)? Quem nunca sonhou com isso?
Se isso fosse possível muitos voltariam ao tempo para rever conceitos, arrumar certos assuntos que ficaram para traz, decisões erradas poderiam ser decididas corretamente, escolhas dessa vez poderiam ser acertadas, uma infinidade de assuntos poderia ser esclarecidos facilmente em questões de segundos.
Mas como isso não é possível (ainda...rs.), não podemos voltar ao passado, mas temos a chance de fazer um futuro melhor, com mais amor e respeito ao próximo, com sabedoria e experiências adquiridas ao longo dos tempos. Temos chance de fazermos novas escolhas, novos amigos, novas ideias. São infinitas possibilidades, está tudo aí na palma de sua mão, depende de você. O futuro é a gente que faz!!!
Se esse ano não foi muito bom para nós, sempre temos esperanças que o próximo será melhor. Por isso faça de 2016 um ano com paz e muita energia!!! Desejo o melhor para todos nesse ano que chega...
Shakespeare dizia: "Eu sempre me sinto feliz, sabe porque? Porque eu não espero nada de ninguém, expectativas sempre machucam... a vida é curta, então ame a sua vida, seja feliz... e mantenha sempre um sorriso no rosto. Viva a vida para você e antes de falar, escute. Antes de escrever, pense. Antes de gastar, ganhe. Antes de orar, perdoe. Antes de magoar, sinta. Antes de odiar, ame. Antes de desistir, tente. Antes de morrer, Viva !!" 
FELIZ ANO NOVO!

...Breno...



Tchau 2015!

O que dizer de 2015?
Ano difícil, de muitos desafios, porém acredito que todos do país passaram dificuldades nesse ano, que felizmente está indo embora... Se parar pra pensar nós mesmos somos responsáveis por algumas situações que passamos, outras independem totalmente de nós.
Mas posso dizer que foi um ano de altos e baixos, é assim mesmo que a vida em si funciona, uma busca de equilíbrio entre felicidades e tristezas, uma luta constante de quem é forte e guerreiro que escolheu viver e enfrentar tudo mesmo sabendo que não é tarefa fácil.
Esse ano conheci algumas pessoas e uma pessoa que pra mim é mais que especial, o Breno, ah o Breno, homem lindo, corajoso e gentil, teve a notícia da sua soropositividade, mas optou por continuar sendo o guerreiro que sempre foi, me enchendo de orgulho e fazendo com que o admire cada vez mais! Aprendo tantas coisas boas com ele... e sinto coisas que achei que jamais sentiria novamente, apesar dele ser mais velho faz me sentir ainda mais nova, lembrar que ainda temos muito para viver. Agradeço por existir e ser essa pessoa maravilhosa!

Ótimo 2016 a todos nós!
Que seja belo,
De muito amor,
Muita paz,
Sucesso,
E tudo de melhor que existe!

Beijos e abraços.
Edna.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

E hoje em dia como é que se diz eu te amo?


Esses dias Breno e eu estávamos falando sobre abraços.
Falamos que ás vezes quando vamos cumprimentar alguém é muito mais preferível um abraço verdadeiro e caloroso do que um beijo no rosto como a maioria faz.
Lembramos de um dia em que nos encontramos na biblioteca, estava lendo um livro e quando vi o Breno chegando eu levantei e se jogamos um nos braços do outro, fechei os olhos, quando abri vi que havia uma pequena "plateia" observando o abraço, que naquele dia não tinha nenhum motivo em específico para comemorações nem nada do tipo, foi apenas um simples abraço, mas verdadeiro e carinhoso, assim como os meus sentimentos por ele... 
Aí começamos a pensar, será que uma demonstração de afeto desconcentra e assusta tanto assim as pessoas? Mas nós achamos que não, a conclusão é que as pessoas tem medo de abraçar, tem medo de contato físico, acho que tem medo de demonstrar o que sentem. 
Reparei que muitas vezes consegui deixar as pessoas sem graça com essa de abraçar, pois ás vezes alguma amiga/amigo vem para dar beijo no rosto e eu agarro a pessoa, mas acho que é bom, acho que o mundo precisa mais disso, de mais afeto, seja ele como for.  
Um abraço também é uma forma de dizer sem o uso de palavras os sentimentos bons que estão ali, que você está doando um pouco do seu calor e energia para outra pessoa, tem também o poder de confortar quando nenhuma palavra é capaz de fazer isso. 
Abraçar é maravilhoso, acho que é também uma forma de dizer eu te amo/adoro.

Beijos e muitos abraços, 
Edna.




sábado, 26 de dezembro de 2015

O dia seguinte

07/10/2015, um dia que jamais me esquecerei...

Bom, na verdade não sei se era “o dia seguinte” porque a noite anterior foi muito longa, uma das maiores que tive, nem dormi direito. Minha vida inteira passou em minha mente naquela noite, lembrei de coisas boas que torci para não acabar, também de outras que nunca desejei ter vivido e muito menos ter presenciado. E essa notícia do diagnóstico, queria acordar desse pesadelo, mas eu estava muito bem acordado e não era nenhum tipo de sonho ou pesadelo, era real.
Estava com uma sensação que tudo tinha acabado, uma sensação de vazio me pegou naquela hora, sonhos que ainda não tinham sido concluídos que foram interrompidos, conversas não terminadas socialmente, desejos interrompidos.
Mas no fundo deste Tsunami que me pegou, eu ainda tinha esperança, esperança que aquele exame de sangue estivesse errado. É engraçado, a gente acha que isso nunca irá nos acontecer, isso nunca irá me pegar, sempre achamos que é com outra pessoa, com um vizinho, com alguém muito distante de nós.
Na noite anterior por volta das 23hs eu e Edna falamos um pouco pelo celular, disse a ela que na manhã seguinte iria no CTA de nossa cidade, ela comentou comigo que também iria.
Chegando lá peguei senha e aguardei minha vez. Essa foi minha primeira vez que fui naquele posto de saúde, já tinha passado perto, mas nunca tinha entrado. Olhei para um lado e para o outro, não tinha ninguém conhecido, até que chegou minha vez, então me dirigi até o balcão andando lentamente como se estivesse andando no vácuo (como andei nas últimas horas).
Me lembro que quando cheguei ao balcão entreguei a guia médica com o resultado do exame e comentei que a Enfermeira responsável já estaria me esperando, que realmente estava mesmo.
A enfermeira que me atendeu foi muito atenciosa, na verdade todos que me atenderam foram muito atenciosos, devido ao bom treinamento e situações que eles enfrentam dia a dia, portanto o nível de experiência deles ajuda muito, não tenho nada do que reclamar nessa parte.
Eu estava completamente “perdido”, ela percebendo meu estado, tentou me acalmar por várias vezes, me explicou o que é o HIV com a diferença da Aids de uma maneira tranquila. Sei que conversamos um pouco e ela foi fazendo algumas perguntas e anotando algumas coisas.
Eu olhava de um lado para outro e me perguntava: O que estou fazendo aqui? O que aconteceu comigo?
Depois de um tempo com a enfermeira, ela marcou alguns exames que eu teria que fazer para dar início ao tratamento, nesse momento ela me encaminhou para a psicóloga, lá mesmo em uma sala ao lado.
Quando saímos da sala em direção a psicóloga, eu comentei com ela que Edna estava para chegar. Nessa hora olhei em direção à entrada, vi Edna entrando (perdida também) sem saber o que estava fazendo lá.
Nessa hora meus olhos encheram de lágrimas, acenei para ela, ela me viu, deu um sorriso tipo “sem graça”, mas entendo porque ela estava muito preocupada, aliás estávamos!!!
Nessa hora ela veio em minha direção e nos abraçamos bem forte nessa hora, mesmo sem saber a real eu disse a ela que ficaria tudo bem. Então ela foi encaminhada ao CTA para fazer o teste onde detectaria se ela tem ou não.
Então fui para a sala da psicóloga, entrando lá ela me recebeu com um aperto de mão e um sorriso tipo “querendo dizer que tudo ficaria bem”, mas ao mesmo tempo eu pensava:
Como as coisas ficarão bem? O que acontecerá com nós a partir de agora? Como viveremos? Até quando viveremos? Eu estava com muito medo naquele dia, não posso negar, ainda tenho um pouco.
Na sala com a psicóloga, uma das perguntas que ela me fez lembro-me que ela perguntou se eu estava bem. Acho que é para saber se eu estava ciente da situação no meu estado psicológico.
Eu disse que não, nada estava bem! Disse que eu estava perdido sem saber o que fazer.
Falei que não sei o que aconteceu e nem sei o que irá acontecer, fiquei desesperado, comecei a chorar sem parar, pensei que iria ter uma parada cardíaca naquele momento, não tinha noção do que aconteceu. A únicas coisas que vinham em minha mente nessa hora era meu filho e a Edna. Em meio a lágrimas e desespero eu pensei muito em meu filho, hoje ele com 13 anos, quero vê-lo crescer, se formar, casar, ter filhos etc. Disse isso a psicóloga soluçando muito e desesperado, transtornado com essa situação.
Sem falar da Edna, uma pessoa que conheci no início desse ano, uma pessoa incrível que tem uma família mais incrível ainda, com alguns desentendimentos que é normal em toda família, mas tudo bem, faz parte da vida. Edna porém, como já disse: Além de ser uma pessoa incrível, ela é especial porque me ajudou em algumas coisas pessoais.
Claro ninguém é perfeito, temos nossos defeitos, mas eu e Edna somos muito ligados, temos um carinho enorme um pelo outro, uma preocupação pelo outro (sempre foi assim) ainda mais agora, mesmo não estando juntos se falamos muito, se importamos um pelo outro ainda. Acho que todo ser humano deveria se importar com o outro, assim não existiria tanta tristeza e desigualdade assim nesse mundo.
Nessa primeira conversa com a psicóloga, além de falar muito de meu filho, ele é um “rapazinho” esperto, ele já sabe o que é certo e o errado, mas manhoso como qualquer criança. Nos últimos anos passeamos muito por aí: Cinemas, shopping, jogamos futebol juntos (brincamos na verdade), as vezes andamos de bicicleta por aí, sem contar lugares onde conhecemos juntos como o Museu da Aeronáutica em São Carlos, Aquário de São Paulo, Interlagos (SP), fora outros eventos e passeios que fizemos... Pensei que tudo isso iria se acabar
Falei também muito da Edna, disse que nunca desejei mal a ela e a ninguém, não queria que isso acontecesse com ela, no meio às lágrimas eu disse a psicóloga que ei iria me cuidar, iria fazer de tudo para eu ficar bem, mas um dos maiores medos que eu tinha, era que a Edna fosse soropositiva. Porque ela é bem mais nova que eu, ela tem a vida toda pela frente e pais que a amam muito.
Meus maiores medos eram esses, não ter a oportunidade de ver meu filho crescer e Edna se formar e exercer a profissão que tanto sonhava. Também me importo comigo claro, muito. Mais me preocupo mais com as pessoas que vivem ao meu arredor, quero que elas fiquem bem sempre.
A psicóloga aos poucos tenta me acalmar, me orientou aos poucos, falando sobre os tratamentos de hoje que são muito melhores do que antes, a medicina avançou muito nessa parte, disse também que terei toda a assistência que irei precisar.
Depois de um tempo que me acalmei um pouco ela me perguntou se eu queria me encontrar com Edna naquele momento. Quando ela perguntou isso uma lágrima escorreu, senti um aperto no coração, não sei se era medo ou outra coisa, só sei que nem consegui falar, apenas balancei a cabeça concordando.
Então, subindo as escadas em direção ao CTA degrau a degrau, torcendo e rezando muito para que Edna fosse soronegativa, com uma sensação estranha que não sei explicar corretamente, apenas sentia algo estranho, senti um vazio, me senti só nesse mundo tão grande mas ao mesmo tempo tão pequeno.
Cheguei ao CTA q procurei por Edna, mas no não a vi, então me sentei numa poltrona próximo a uma sala que provavelmente ela estaria. Várias coisas passaram pela minha mente nesse momento, uma das coisas que pensei é que ela nunca mais iria querer olhar na minha cara, outra dela ser soropositiva. Eu estava ficando louco para encontrá-la independente do resultado, nem sabia o que iria dizer a ela caso fosse positiva, só sei que iria ficar do lado dela em tudo que ela precisasse.
Depois de um tempo ela saiu de uma sala, veio em minha direção, eu gelei quando olhei para ela, ela sentou do meu lado e disse que é soronegativa, fiquei um pouco aliviado, se abraçamos bem forte por algum tempo, chorei muito, disse a ela que fiquei feliz, mas ao mesmo tempo triste por mim, mas eu disse que iria me tratar corretamente, o mais importante naquele dia é que ela é soronegativa, mas ela teria que voltar a fazer o teste para confirmar o exame pelo menos uma vez por mês durante 6 meses. Ela disse que ficaria do meu lado e me apoiaria muito.
Depois disso fomos embora um pouco mais calmos, um pouco porque eu sabia que minha jornada estava apenas tomando um rumo um pouco diferente, a enfermeira e a psicóloga que me atenderam me explicaram que poderei ter uma vida normal como qualquer pessoa.
E o tratamento seria essencial para minha vida junto com os medicamentos que só depois dos resultados dos exames eu saberia qual ou quais eu iria tomar.
Essa parte dos medicamentos fica para a próxima, porém é extremamente importante.
Eu vi que a terra não parou, a vida não acabou, o tempo não para.
Existe esperança.

Abraços...

...Breno...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

06/10/2015 - Os dias nunca mais serão iguais.

Era um dia normal, como todos os outros, acordei, me arrumei, fui trabalhar, conversei com o Breno pelo celular como de costume, sem saber que no final do dia receberia uma notícia no mínimo perturbadora.
Lembro que estava em uma farmácia, quando o Breno disse que já havia chegado na faculdade e que estava me esperando no carro, não desconfiei de nada diferente já que era de costume conversarmos no carro, terminei minha compra e fui.
Entrando no carro já vi que estava acontecendo alguma coisa com ele, então ele foi dizendo que tinha algo para me falar, fiquei preocupada, pensei no filho dele, até mesmo na ex mulher, mas não, era ele mesmo que estava com algum problema... Disse que o que iria me falar poderia mudar tudo, minha vida e a dele, fui ficando cada vez mais assustada, ele me perguntou se eu descobrisse que ele estava doente se ainda gostaria dele, eu nem consegui responder, comecei a me irritar e pedi para ele falar logo, só que a voz dele não saia, ele estava perdido, desesperado, só tirou um papel do porta luvas e eu li bem grande em letras maiúsculas e negrito: REAGENTE PARA HIV!
Tudo comecei a girar, ele começou a chorar e eu me segurando para não chorar também, eu agarrei ele forte, como se naquele abraço eu quisesse acabar com tudo aquilo de ruim que estávamos sentindo. Naquele momento me veio na cabeça Renato Russo, o qual sou muito fã e eu disse ao Breno que ele não iria morrer por causa dessa doença igual Renato Russo morreu, que ele teria a chance de se tratar e viver normal, a verdade é que eu não sabia o que dizer, não sabia o que pensar, eu estava tão desesperada quanto ele.
Enquanto estava abraçada nele ele chorava soluçando, daí comecei a me desesperar mais ainda, pois se o Breno tem, eu também tenho, por muitas vezes não usamos preservativo. Disse isso a ele e ele disse que havia a possibilidade de eu não ter pego, mas que eu precisava fazer o exame, que o médico do posto de saúde que lhe deu a notícia havia o orientado a ir até o ambulatório especializado em doenças infecto contagiosas aqui da nossa cidade e que eu poderia ir com ele no dia seguinte. Disse que iria, mas tudo estava girando muito e eu sentia muita tontura e ânsia, falei que ele precisava ir embora, que não conseguiria assistir aula daquele jeito, ele disse para eu ir embora também, expliquei que não aguentaria ir para casa e ter que encarar meus pais sabendo de uma notícia dessas.
Breno foi para casa e eu entrei na faculdade, ainda muito tonta, com o choro entalado na garganta, prestes a explodir a qualquer momento. Entrei na sala e encontrei minha amiga que é auxiliar de enfermagem e trabalhou bastante tempo na ala dos soropositivos do hospital público daqui da cidade, disse para ela que o dever de amiga estava chamando por ela e chamei para conversarmos no corredor. Contei tudo para ela, chorando muito, ela me abraçou, enxugou as minhas lágrimas e me disse uma coisa que nunca vou esquecer:
"Edna, dentro de um hospital a gente vê muita coisa difícil, porém os pacientes soropositivos estão longe de ser desse tipo, existem muitas outras doenças que fazem sim a pessoa sofrer muito fisicamente, mas o HIV se tratado corretamente vai gerar um desconforto no começo como muita dor de barriga que pode ser um efeito colateral dos remédios, mas a vida vai seguir normalmente e se você for soropositiva não quer dizer que você é menos gente de que qualquer outra pessoa, não quer dizer que você perdeu sua dignidade e se anulou como ser humano e mulher."
Ela me explicou que existia um coquetel de remédios que davam as pessoas expostas ao vírus em um determinado período e que devíamos ir até o hospital fazer um teste e pedir por esses remédios. Saímos da faculdade e fomos até o hospital, porém lá depois de passar por uma enfermeira e uma médica e ter que explicar toda a história para ambas fui informada de que naquele local não faziam o teste e que teria que esperar até a manhã seguinte e ir até o ambulatório com o Breno. Saí de lá um pouco mais tranquila, mas pelo apoio de minha amiga, porque pela enfermeira eu logo teria um infarto, a pressão estava nas nuvens como ela mesma disse...
Falei para o Breno que estava no hospital, ele queria a todo custo saber em qual estava para me acompanhar, mas eu não quis deixa-lo ainda mais nervoso, preferi que ficasse em casa, já que no dia seguinte ambos iriamos até o ambulatório.
Eu tinha certeza que também estava com HIV, eu estava perdida, muito preocupada com o Breno que foi embora arrasado, pensei no filho dele, coisa mais linda crescendo e ficando igualzinho ao pai. E os meus pais? O que iria dizer aos meus pais? Era tanta coisa que me vinha na cabeça, um misto de tristeza e raiva, culpa, e se tivesse sido eu que passei ao Breno? Tanta coisa, tanta preocupação, mal dormi naquele dia, também não consegui comer... Queria que fosse mentira, não é, infelizmente. Depois disso os dias nunca mais foram iguais, fico pensando no quanto a vida é frágil e tanta gente mesquinha que só se preocupa com bens materiais...
No dia seguinte descobri que sou soronegativa, mas essa história fica para a próxima.

Beijos e abraços,
Edna.



06/10/2015 - O dia em que a terra parou

Nossa vida é muito frágil, sonhamos muitas vezes em como será nosso futuro, em qual emprego iremos estar trabalhando, nossos filhos se formando na faculdade, com quem iremos dividir a vida o tempo todo. São muitos sonhos e desejos...
Nossa saúde então nem se fala mas mesmo assim tem muita gente que brinca com ela até dizendo ser imortal, mas não somos imortais, pode ser uma simples dor de cabeça, as vezes por um simples resfriado, uma dor de dente que não te deixa dormir, felizmente a maioria dessas dores são passageiras e alguns casos o remédio está logo ali na farmácia da esquina.
Mas de uma hora para outra tudo pode mudar.
Em Setembro desse ano procurei o posto de saúde para refazer uns exames de rotina, principalmente para verificar a situação do rim, porque em 2013 sofri muito com Cólicas Renais(pedras) é uma dor horrível, só quem tem pode imaginar do que estou falando, fiz uma cururgia para retiradas das pedras. Voltando em Setembro desse ano minha ex(mãe do meu filho, que estamos separados desde 2012) me procurou dizendo que ela estava com HPV e disse para eu procurar um médico. Não pensei duas vezes e quando pedi o exame de urina para ver o rim pedi também esse exame, mas o médico me disse que não existe um exame especifico para homens e nem vacina, ele apenas me alertou com alguma anomalia que felizmente não me ocorreu nenhuma. Então ele preenchendo os pedidos dos exames foram anotados praticamente todos possíveis, inclusive HIV e Sífilis. Até aí tudo bem, nesse dia foram feitas coletas de sangue e urina, depois fui embora trabalhar.
Aproximadamente 15 dias depois me ligaram do posto de saúde pedindo para eu ir no dia seguinte logo cedo, alegaram que houve uma alteração em algum exame mas não disseram exatamente qual. No dia seguinte eu estava lá, curioso e meio apressado porque eu estava em horário de trabalho. Demorou um pouco até me chamarem, até que fui chamado. Quando entrei na sala o médico me cumprimentou e perguntou se eu estava bem, respondi que sim, então ele começou a mostrar os resultados dos exames, todos praticamente perfeitos, exceto um, o de HIV.
Quando ele me disse eu não acreditei, até parecia brincadeira de mau gosto. Mas ele me disse bem assim:
É rapaz, isso é HIV e é coisa séria, você tem que se cuidar urgente.
Nessa hora meu mundo parou, o tempo parou, minha respiração ficou atrapalhada, fiquei cego, minha mente deu um branco e eu não conseguia pensar em nada, apenas vi a imagem de meu filho e a da Edna. Fiquei uns 5 minutos olhando para aquele exame, eu não estava entendendo realmente o que aconteceu ou o que tinha acontecido.
O médico me perguntou: Você está bem?
Eu respondi chorando e com voz falhando: Não
Nessa hora ele me mostrou uma carta de encaminhamento para o posto especializado da cidade, juntou os exames e o laudo médico e disse que as 7:00hs do dia seguinte era para eu estar lá sem falta porque já teria um pessoal me aguardando.
Quando saí do consultório eu nem sei como eu cheguei no carro, sei que andei mas nem vi por onde passei.
Quando fui embora vi meu filho, ele tinha acabado de acordar, dei um beijo nele e ainda fui trabalhar, se eu ficasse em casa nessa hora iria pensar besteira, nesse dia na firma não falei com ninguém, somente o mínimo e o necessário, pois aquela cena do médico não saia da minha mente nenhum instante se quer(até agora não sai)
Durante o dia eu e Edna sempre conversamos um pouco pelo celular, nós falamos sobre tudo, nesse dia eu nem puxei assunto direito, não sei se ela percebeu algo estranho mas tentei no máximo ficar calmo, à noite sei que nós iriamos nos ver na Faculdade, mas fiquei o dia todo pensando em como falar para ela, como explicar uma coisa que nem eu saberia explicar naquele momento. Mas eu tinha que falar mesmo sabendo que a partir daquele momento tudo poderia mudar, sei que não seria fácil receber uma notícia dessa, seria muito dolorosa na mesma proporção que eu tinha recebido. Mas eu não poderia nunca esconder isso dela.
Nessa noite fui de carro até a faculdade, mas não entrei, fiquei do lado de fora, liguei para a Edna e pedi que ela viesse até o carro um pouco antes de irmos para a aula. Nesse meio tempo até ensaiei uma conversa com ela, mas quando vi ela chegando deu um gelo e perdi a fala. Quando ela entrou no carro lhe dei um grande abraço e comecei a chorar, ela ficou assustada e perguntou: O que ouve? O que aconteceu? Ela até perguntou se aconteceu alguma coisa com meu filho e eu disse que ele estava bem, disse que era comigo, me lembro que não conseguia falar direito, mas consegui dizer que aconteceu uma coisa que poderia mudar nosso futuro.
Não consegui falar o que era mas daí puxei o resultado do exame e mostrei para ela. Ela ficou muito assustada, apavorada sem saber o que fazer. Eu tentei acalma-la nessa hora mas eu também estava apavorado sem saber direito o que fazer. Ela me abraçou bem forte, foi um abraço verdadeiro e fiel, choramos juntos. Ela me disse que ficaria do meu lado sempre, ela iria me ajudar. Depois disso fui embora, ela até entrou para a aula, mas quando cheguei em casa ela mandou um sms dizendo que estava com uma amiga dela em um hospital da cidade para tentar fazer o exame que detecta o HIV, eu disse que iria encontrar com ela, mas ela assustada recusou. Mas fiquei um pouco mais calmo porque sei que ela confia nessa amiga dela. Mas infelizmente nesse hospital não fazem esse exame, o jeito foi ter que ir na manhã seguinte atrás do exame.
No momento posso dizer que ficamos muitos assustados e perdidos, porque tínhamos praticamente poucas informações sobre o que é o HIV.
Essa parte do primeiro contato com o pessoal especializado do CTA e o exame da Edna logo irei postar, só para adiantar ela é soronegativa, esse é um dos motivos que me emotiva no tratamento.
O que posso falar até o momento é que:
Eu Escolhi Viver.
Abraços
...Breno...

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Resultados animadores no desenvolvimento de vacina contra o HIV

Todos os dias busco notícias sobre o HIV, uma possível cura, vacina, uma esperança qualquer.
Sim eu sou soronegativa, mas o Breno é soropositivo e eu quero sempre o bem dele, como também o de muitas outras pessoas que infelizmente tem de conviver com a doença. Mesmo com os avanços do tratamento, de todos poderem viver uma vida normal eu imagino e sonho com o dia de ver na internet, TV, rádio, jornais, que todos poderão ser curados.
E hoje ao buscar notícias encontrei uma animadora, vou resumir:


"Uma empresa da Noruega que trabalha em uma vacina contra o HIV anunciou resultados animadores. O experimento que contou com a participação de 20 pacientes soropositivos permitiu desalojar o vírus inativo na reserva graças ao medicamento Romideosin, um anti-cancerígeno, e depois eliminá-lo parcialmente. Cada paciente foi vacinado com a Vacc-4x desenvolvida pela Bionor previamente. Após ativar o vírus a vacina em teste eliminou células que o produzem levando-as a um nível praticamente indetectável no sangue em 15 dos 17 pacientes que participaram do estudo até o final."


Ou seja: estão perto de conseguir o que é necessário para "ativar" o vírus que se mantém inativo nas células e expulsa-lo de vez do organismo, acabando com o HIV existente nas células da pessoa.

Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20151222/resultados-animadores-desenvolvimento-vacina-contra-hiv/328730

Edna

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Caixinha de surpresas

Sim a vida é mesmo uma caixinha de surpresas...
Muitos dizem que para morrer basta estar vivo, e é verdade, não somente para morrer, mas sim para tudo, inclusive para ter o vírus hiv.
Não existe um proposito das coisas acontecerem em nossas vidas, talvez me contradiza dizendo que se existe um motivo ou propósito é pra aprender algo.
Mas ninguém é culpado em ser soropositivo, ninguém escolheria isso para si ou para a pessoa amada, é algo que para acontecer basta estar vivo... E não adianta julgar que só pega hiv quem quer acreditando no fato de que hoje existe camisinha e o governo distribui gratuitamente, vai muito além disso... Uma cirurgia, dentista, tatuagem, piercing, um estupro, compartilhar seringas, camisinha estourou ou até mesmo não usou camisinha... Não importa o que aconteceu, não será a maneira como contraiu o vírus ou ser portador do vírus que vai fazer de um ser humano menos digno ou com menos caráter do que qualquer outro.
Portanto, se você conhece alguém que é soropositivo, ou se deparar com essa notícia vinda de um ente querido não julgue, de apoio, carinho, proteção, ofereça ajuda, esteja perto, abrace e beije muito, faça a diferença. Não somente pelo fato de não saber o que poderá nos acontecer no futuro, mas também porque quem ama
cuida, dos seus e do próximo.

Beijos e abraços,
Edna

domingo, 20 de dezembro de 2015

Somos soro discordantes, e agora?


                 O desejo não acaba, na realidade parece que é fortalecido, quando há confiança e amor com o parceiro a única mudança é o uso do preservativo em 100% das vezes.
                Mas e o medo de se contaminar? Claro ele existe e nos acompanha, mas quando tudo é feito com carinho e cuidado não há motivos para preocupações.

                Além do mais, uma pessoa soropositiva não é uma bomba relógio prestes a explodir e contaminar todo mundo com quem tem contato por aí, é uma pessoa cheia de desejos, vontades, medos, igualzinho qualquer outra pessoa, e quando faz o tratamento corretamente e usa preservativo não há motivos para preocupações excessivas.

Beijos e abraços,
Edna

Escolher Viver

Escolher viver, parece tão óbvio, mas parando para pensar seriamente não é, pois todos nós existimos, temos um corpo habitado de sentimentos que ás vezes somente existe, mas que sem um pouco de coragem e ousadia não estará vivendo.
Tem muita gente que existe, mas não é feliz, mas também o que é felicidade? É algo totalmente subjetivo, o que me faz feliz pode não fazer o outro feliz, e sim, fazer feliz, não ser feliz, pois felicidade é passageira o que também conforta ao pensar que então a tristeza também é passageira, ficamos felizes, ficamos tristes, mas não somos felizes nem tristes, tudo uma questão de ir em busca do estado em que queremos nos encontrar.
A vida toda evitamos falar da morte, como se fossemos seres infinitos e quando algo nos deixa mais proximos a essa condição não sabemos como lidar com esse assunto. Ao descobrir uma doença crônica, que requer cuidados para toda a vida muitas pessoas encaram como se fosse até mesmo pior do que a morte, quando na verdade se trata de vida, de estar se cuidando e se preservando para continuar vivendo e muitas vezes ainda melhor do que qualquer outra pessoa que não enfrenta qualquer enfermidade. Nesse sentido é que entra o escolher viver, pois somos livres para escolher, cada um pode escolher aderir ao tratamento ou não, só que tendo a noção e consciencia que ao optar pelo tratamento você escolheu viver e que por mais difícil ou doloroso que seja qualquer coisa o escolher viver já é o primeiro passo de uma luta que está sendo traçada.

E não, não se morre mais de Aids/Hiv, se você escolheu se tratar você viverá, pois optou pela vida. 

Beijos e abraços,
Edna