sábado, 12 de novembro de 2016

Enquanto isso, na farmácia do Cta...

Quinta-feira, chovia na cidade e era dia do Breno buscar seus antirretrovirais.
Estávamos juntos resolvendo algumas pendências e quando acabamos ele me diz que precisa buscar os remédios:

-Vou lá rapidinho, você me espera no carro.

Nem precisei pensar para responder:

- Vou com você, pois não é nenhuma vergonha.

Ele ainda insistiu que se eu não quisesse não precisava ir, que poderia esperar no carro que voltaria rapidinho.

Pegamos o guarda chuva e fomos. 

Como todos que acompanham o blog já sabem, eu já conhecia o Cta, porém não a farmácia de lá.

E achei uma estrutura bem desconfortável, ao chegar o paciente pega uma senha e espera numa espécie de "barracão", há algumas cadeiras e uma janela em que as funcionárias ficam chamando as pessoas.

Haviam umas 15 pessoas lá no momento, o Breno disse que normalmente não é tão cheio assim.

E eu não pude deixar de observar que haviam pessoas bem diferentes umas das outras:

* O rapaz com uniforme de empresa
* O casal gay
* A travesti
* Pessoas com roupas simples
* Pessoas com roupas e sapatos de marca
* Pessoas bastante jovens com aparência de 20 e poucos anos
* Pessoas com aparência mais velha.

Mas uma coisa é fato: Não estava escrito HIV na testa de ninguém! Olhando e observando todas aquelas pessoas não dá para imaginar qual tipo de medicação que estão buscando, já que não é só o Hiv que é tratado lá, mas também outras especialidades de infectologia. 

E sempre que chegava alguém todos olhavam, quase como que tentando ver se conhecia tal pessoa.
Muitos tinham semblante triste, outros mais serenos. Mas acredito que todos, sem exceção, não gostariam de estar ali, buscando medicamentos, mas assim estavam fazendo, para cuidar da própria saúde e consequentemente da saúde de seus parceiros. 

Existe também um certo "ritual" seguido: a funcionária chama, pessoa entrega a receita, pega a medicação, vira de costas para os que estão aguardando, tiram as caixas e bulas e ficam somente com os frascos, colocam na mochila/bolsa/sacola e saem sem olhar no rosto de ninguém.
Disse para o Breno que de certo modo as pessoas agem como se estivessem fazendo algo errado, mas não estão, muito pelo contrário.
E eu, de certo modo, quebrei o ritual do Breno rs, pois coloquei na sacola e sai andando com ela na mão. Não devo nada para ninguém e tenho muito orgulho do Breno estar se tratando, será sempre incentivado a continuar e a ficar bem.

Soropositivos ou não, vamos nos cuidar sempre, só temos a ganhar com isso! O tratamento é a melhor opção, com toda certeza, enquanto a sonhada cura não vem!

Positivos, vocês são guerreiros e tem toda a minha admiração e respeito!

Beijos e abraços,

Edna

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